quarta-feira, 19 de outubro de 2011

O banho




Ela foi tomar banho. Sei que o ato de banhar-se é profundamente individual, singular, peculiar, próprio de cada corpo no asseio de suas sujeiras. Os romanos transformaram a limpeza do corpo em um ato público, em suas termas dionisíacas, celebrando o corpo em comunidade, na civitas. A cultura cristã, por sua vez, converteu o corpo em pecado capital, templo do Senhor, deve ser enclausurado das corcunspiências deste mundo, encerrado na alcova. O corpo nu é um assunto privado. A beleza do corpo nu é salvaguardada. A origem do pudor da cultura ocidental.
Não resisti. Tinha que ver seu deslumbrante corpo nu sendo banhado, limpo, acariciado no ato de higiene. Entrei no banheiro, minha presença não foi percebida. O chuveiro fica separado do resto do banheiro por um box de vidro translúcido. Conseguia ver as curvas opacas do seu corpo. Fiquei mais excitado do que estava. Meu coração batia mais forte, sob a tensão da excitação e de ser descoberto. Suava com o delírio do desejo e com a inquietação do possível escândalo. Vi que estava entreaberta a porta de vidro.
Dei o primeiro passo. Tomei coragem e fui. Um, dois, três passos, calculados, sem ruídos, no chão meio liso dos vapores da água liquefeita, gotículas condensadas. Subitamente, ela coloca o braço para fora e pega no meu, foi um grande susto, quase caio no chão. “Vem, estava te esperando” – ela diz de modo suave e sedutor. Tiro a roupa apressadamente. Dois corpos nus se encontram no espaço privado – adentro ao box.
Ela me abraça, seu corpo molhado, perfumado e quente – muito quente. Ela pressiona seu corpo contra o meu, sinto seus seios no meu peito e a palma de suas mãos nas minhas costas – suas unhas me ferem. Ela morde a minha orelha. Sua mão desce pelo meu peito, numa trajetória guiada pelas unhas, alcançando a minha virilidade, movimenta-a carinhosamente.
Por minha vez, passo os meus dedos entre os seus cabelos, acariciando seu couro cabeludo, de maneira forte e suave. Minhas mãos descem, seguindo a curvatura das suas formosas carnes, chegando as nádegas, na qual faço o contorno de maneira delicada e marcada, a palma da minha mão coube de modo exata em cada um dos glúteos. Percebi imediatamente que ela gostou das carícias – respiração ofegante.
Rapidamente, ela ficou de costa, e encaixou-me, delicadamente com as mãos entre as suas pernas, levemente inclinada. A água quente escorria cadenciada entre o meu e o seu corpo. Seus cabelos medianos estavam presos. Senti minha dureza entrar lentamente em seu interior macio e quente. Agarrei seus ombros, projetando-me ritmadamente, chocando meu abdômen em suas nádegas, com o tilintar tranqüilo das águas.
Um deleite terapêutico. Tranqüilo, sereno, manso. Desloquei uma das minhas mãos para o lado, procurando a frente do seu corpo, nesse tactear, de olhos fechados, ouvindo o colidir dos nossos corpos copulantes, sinto o viçoso bico do seio excitado. Acaricio-o com o indicador e o polegar, e, ao mesmo tempo, apalpo a totalidade do seio com a ponta dos demais dedos. Faço isso nos dois seios. Depois, massageio os dois lados da costa de maneira forte, terna, relaxante. Percebo seu corpo relaxar e contrair. Relaxar e contrair.
Puxo seus cabelos devagar, e depois, com força, tencionando seu corpo contra o meu, de maneira que a violência dos movimentos, as dinâmicas dos corpos se fazem ouvir. Mantemo-nos de olhos fechados, sentido o momento. Sentindo-nos, um dentro do outro. Nossos desejos, fantasias, prazeres são mitigados. Foda, foda, foda, foda, foda. Gozo.
Cansados, entre braços. Corpo no corpo. Olhos nos olhos. Boca na boca. O tempo parou. A vida parou sob a água ardente do banho. Limpos das sujeiras passadas. Celebramos a dois o asseio dos corpos no box – nós, ocidentais.
(Felipov)



2 comentários:

Tony Leão disse...

Lindo!!!!

Anônimo disse...

- Felipov, Felipov... Defitivamente a tua tara é nessa posição.

Enfim, não curto sexo no banho e acho ainda que não há sexo mais gostoso do que quando ao acordar.
Isso sim é genial.

No entanto, gostei do texto e consegui visualizar a cena. Hahaha..

Nicoly Uchôa.
;)

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