terça-feira, 7 de junho de 2011

Resposta

Meu caro amigo, 

Não é fácil escrever essas linhas. Sobretudo à mão. A minha caligrafia não é das melhores. Então, peço de início: um pouco de esforço e paciência ao lê-las. Estas linhas são de pedidos e esclarecimentos. De pronto, vamos aos esclarecimentos. O que aconteceu não foi um ato de leviandade, desonestidade, em última análise, de traição. Tanto do meu lado quanto do dela. O que ocorreu foi apenas sentimentos. Que quando se encontram seguem sua lógica e desdobramentos próprios. Sem atentar muito para o contexto no qual tomam vida. Isso procede, porém, com algumas ressalvas. Eu sempre tive muitas restrições a mim mesmo por estar apaixonado pela namorada de um amigo - frise-se: amigo. Desde o primeiro momento que a vi, me apaixonei avassaladoramente. No entanto, já tinha tomado a firme resolução de que isso ficaria apenas no plano das idéias, na sublimação, no platonismo. Mas, os sentimentos não obedecem nossos modelos explicativos lógica e racionalmente construídos. Eles simplesmente desdenham deles. Eles foram mais fortes. Por isso, aconteceu o que aconteceu. Contudo, não me arrependo. Ao contrário do que pensas, isso não se deve a forma como penso, um materialista frio e sem princípios que acaba por razões outras relativizar os seus atos e conseqüências. Meu caro, em nenhum momento deixei de pensar na complexidade da situação e do teu lugar nela. Várias vezes me pus no teu lugar. O que quero demonstrar: o ocorrido não se processou sem receio e hesitações. Certo, admito que não impediu. Porém, creio que isso era necessário ser dito. E faço idéia o quanto chateado, ou mesmo, com raiva deves estar de mim. Natural, nada mais humano. Como é igualmente humano reconhecer um erro. E te peço desculpas. Estas linhas são um pedido formal de desculpas. Porque errei contigo. E se alguém errou nessa situação, foi tão somente eu, e digo isso sem querer ser um mártir ou aquele que quer levar a culpa pela situação, ou pelas dores do mundo. Digo que sou o culpado, pois fui em quem criou o facto. Não a culpe por nada. Faça-a feliz, apenas. Fico triste por essa situação e por as coisas ficarem assim. Mas, creio que seja necessário. O único pedido que faço é: que repenses a possibilidade de ser meu amigo novamente. A tua amizade sempre foi muito prezada por mim - mesmo com todos os problemas ocorridos. 

Fraternalmente, 

Felipov. 


1 comentários:

Camila Travassos disse...

Não sei explicar bem o porquê, mas pra mim o texto todo é irônico, como se tudo fosse uma grande sátira do que nós, humanos capazes de bater e soprar logo em seguida, somos.


Gosto de textos assim.

(:

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