terça-feira, 27 de abril de 2010

A queda, vasta queda

Sinto
Sinto muito
vasto, sentimento
aplaca meu coração
Coração vasto
Vasto que não cabe no peito
E é muito menor, muito
menor que o mundo
mundo, vasto mundo
Muito mais vasto que meu coração –
Drummond que me desculpe o remendo.

Sôfrego, renitente,
palpita lento, insistente
Insiste em acreditar
que há saída para os homens
Problemas humanos, soluções humanas
nada além disso
Crê que os homens
não se colocam problemas
que eles mesmos não possam resolver –
como um velho barbudo de outrora

Acredita que há saída para a queda
A queda da despedida,
ruptura provocada por aquele adeus
sem volta e esperança
Triste, ele sente
Vasto, ele fica
Sentindo o mundo
lento em suas impressões –
com um eu-lírico da tabacaria

Cumpre o seu dever
Compromissos, afazeres
Com aparente competência
Ele faz o bastante, o que pode
De uma bondade desmedida
Por vezes mal lida
O lêem mal
Não os culpo
É difícil mesmo
Taciturno e implícito
Como tudo o que sente em demasia
Muito menos ela
que se foi, deixando-o
Contudo, a queda foi necessária
Pois o deixou muito mais vasto
Vasto na sua... contemplação do mundo –
como crê esse infante demasiado senil
(Felipov)

3 comentários:

Rodrigo Grilo disse...

"...Contudo, a queda foi necessária
Pois o deixou muito mais vasto
Vasto na sua... contemplação do mundo..."
Não sei o porquê, mas essas frases não saíram mais da minha cabeça desde que as escutei. Escrita e leitura identitária!
Identidade que parte do individual para o social...Já sabes o resto da história :p

saul_berardo disse...

:/
hauuhauhauhuauhauhuahu

saul_berardo disse...

Meu eu-lírico da tabacaria, por coincidência, tem se manifestada com mais intensidade... :p

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