Cheguei mais cedo em casa ontem. Por volta das oito horas, começara a chover. Vi a porta entreaberta do quarto da minha irmã. Ela estava conversando com uma prima nossa, sentadas em cima da cama. Ambas têm dezoito anos. Lindas, em plena flor da idade. Clarisse é candidamente alva, uma polaquinha, cabelos loiros crespos, um pouco sardenta, a boca carnuda, seios firmes e viçosos, com bicos salientes, pernas torneadas, belas e chamativas ancas. Com um olhar malicioso e um jeito provocante. Um corpo fresco, forte e vigoroso, pronto para cópulas animalescas. Vedado, amordaçado e proibido aos meus desejos incestuosos.
O que não era muito diferente da prima: Luíza. Negra, de um ébano claro, com cabelos cor-de-mel igualmente crespos, sua formosura era provocante, o seu andar, malicioso, envolvente, um rebolar voluptuoso, chamava-me, atraia-me, e, ao mesmo tempo, seus seios eram dois pares gostosamente constituídos para serem chupados e mordidos à exaustão. Quando usava roupas apertadas, ficava marcada em sua silhueta, entre as suas pernas, uma provocativa fenda de boceta gulosa. Os vestidos, justos ao corpo, aqueles de estampas hippies ou de seres mitológicos orientais, demarcando a calcinha em suas nádegas fudidamente gostosas.
Furtivamente, os meus desejos observavam-nas. Parei na porta, e fiquei olhando, cobiçando seus corpos infantes. Elas não davam pela minha presença. Permaneceram conversando animadamente. Deviam falar de futilidades, namoricos, maquiagens, roupas e sapatos. Eu não conseguia ouvir nada. Apenas observava. Percebi os olhares maliciosos de Clarisse, e o ar de constrangimento e acanhamento de Luíza com esse flerte fatal. A conquista que estava se processando ali, entre aqueles dois corpos, entre aquelas duas vontades, entre suas fantasias, era irresistível e inevitável. Claro estava quem tomaria a iniciativa, quem era mais experiente neste tipo de circunstância.
Subitamente, Clarisse afagou carinhosamente o rosto de Luíza, beijou-lhe a face com os lábios molhados e provocantes, na intenção evidente de originar sensações naquele estado já exaltado de seus ânimos sexuais. As suas camisolas de renda branca, que, muito provavelmente compraram juntas na mesma loja, apontavam de modo indireto a nudez fascinantemente opaca e sugestiva de suas formas e contornos corpóreos. Ela ia se projetando de maneira expressiva, marcante e mansa sobre o corpo de Luíza – é visível a sua intenção de não assustá-la, de fazê-la desfrutar seus desejos mais secretos, sem pudor e recato.
O beijo. O entrelaçar de línguas das bocas cobiçosas a muito uma pela outra, que, ao sentir de modo recíproco, a deliciosa viscosidade do hálito fresco e o ardente inerente aos lábios desejosos, deliraram, deliraram. Clarisse percebe quase que instintivamente que a barreira moral foi ultrapassada, agora pode avançar com sua arte sobre aquele quadro ainda intocado. Ela trabalhava com o cuidado e a criatividade de um artista. Esse ineditismo lhe instigava ainda mais. Luíza entregara-se ao inefável universo das sensações. Ansiava apenas sentir. Impunemente sentir. Clarisse a reconfortou ternamente no catre de lençóis limpidamente brancos e com cheiro de roupa limpa.
Dirige-se para a extremidade inferior do seu quadro. Inicia pelos pés. Pincela-os com carinho. Luíza sentia a quentura dos beijos e lambidas, e o calor da respiração ofegante, da exasperação excitada de Clarisse. Seguiu, elevando-se, completando as pinceladas com as pontas dos dedos. Dedos e lambidas, orquestradas de maneira sucessiva, alternadas com carinho, em uma harmonia libidinal. Passou por cima do seu alvo, do seu gran finale, de pêlos ralos, aparados com regularidade e destreza, com os lábios parcialmente úmidos e latejantes. Guiada pelo nariz, que roça serenamente pelo ventre de Luíza, sente seu arrepiar, breves calafrios e tremidos, até chegar àqueles bicos rígidos e negros. Deu uma bela e demorada pincelada da base à extremidade daqueles montes formosos, atingindo seu cume. Chupou o bico com mordidinhas alternadas. Mordidas e chupadas alternadas. Aumentou o ritmo. Aumentou a violência. Chupou com vigor, sugando, fincando em sua boca a parte superior da mama, que se encaixou com precisão geométrica, pareciam projetados perfeitamente, um para o outro.
Nesse ínterim, ambas excitam-se, ambas deliram na morfologia similar de seus corpos errantes, na igualdade da condição feminina tão intimamente compartilhada naquele ato. Clarisse, neste momento, ratificou sua tese: os peitos têm gostos peculiares entre si. É quase um elemento de identidade. Do mesmo modo, tem tese similar quanto aos lábios inferiores que demarcam a idiossincrasia do ser feminino.
Partiu ansiosamente para eles. Declinou-se, vagarosamente, para o centro, para o ponto de equilíbrio estático do corpo de Luísa. Era ali que a sua obra-prima seria encerrada. Passou o nariz e a frente dos lábios em cima dos pêlos ralos, sentindo o seu aroma diáfano. Lentamente, passo a passo. Queria que Luíza sentisse sua respiração, os seus carinhos, os seus afagos. Agora, vai se empregar dos seus pincéis em conjunto: dedos e língua. Observa a parte inacabada de sua obra, pronta para ser finalizada: a flor de lábios pulsantes. Tateando devagar pela penugem, adentrou ao vale, entre os seus sulcos, procurava a sua parte mais rija – brincava de procurar, sabia muito bem onde estava, mas o prazer da procurar era excitante.
Encontrou-a, lambendo com a ponta do pincel, a um só tempo, utilizou-se dos demais, enfiando-os na cavidade úmida, macia e quente. Luíza enlouquece. De olhos cerrados, lambe os lábios da boca, e acaricia os próprios seios, em movimentos circulares, apertando diligentemente os bicos eriçados. Óbvio que Clarisse não pararia. Era apenas o começo. Chupou com mais intensidade. Chupou mais, mais, mais. Mordeu, com mordidas ternas, fortes, agudas que elevam ao prazer supremo. Ela sentia o gosto mais recôndito, subterrâneo, sigiloso de Luíza. Saboreou o gosto absoluto dela, distinto, no entanto, complementar, aos dos seios. Sentia os seus gostos de modo integral. Fez isso de forma que Luíza chegasse ao gozo eternal, mesmo que efêmero. Luíza gozou como nunca na vida. O gozo era o fim da obra-prima de Clarisse.
Eu, caro leitor, nem preciso dizer, o quanto excitado e estimulado estava com aquela cena. Os meus desejos estavam sendo satisfeitos apenas ao contemplar daquela obra de arte sendo construída e concluída – a estética dos corpos juvenis iniciando-se nos mistérios de Eros. Eu nem precisei me masturbar. Observar era o bastante. Tal cena que desejava a muito, de maneira quase improvável, acontecia diante dos meus olhos, da forma jamais imaginada por mim. Vendo aqueles dois corpos sucumbirem de prazer, queria mais que tudo, naquele momento, sucumbir junto a eles, dar a minha contribuição aquela economia libidinal.
Do nada, enquanto Clarisse estava em cima de Luíza, ela vira para o lado da porta, olha-a com fixidez e diz: “Vais apenas observar?” – com um sorriso sarcástico – automaticamente não acreditei que ela estivesse falando comigo, me esquivei, quase caio no chão de susto. Luíza levantou assustada, querendo ver com quem Clarisse falava. “Vem, mano, vem” – disse Clarisse com uma voz irresistivelmente sedutora. Depois que falou isso, Luíza entendeu a situação, e disse de modo provocantemente complementar: “Vem, primo, vem me chupar”. Não resisti, ajoelhei aos desejos.
Entrei no quarto. Tirei a camisa e a calça rapidamente. Clarisse me abraçou e me beijou, puxando o meu cabelo – a excitação me dominava. Nunca pensei que ela soubesse tanto, que fosse tão experiente sexualmente falando. Luíza observou-me de maneira carinhosa, projetei-me sobre ela, beijou-me deliciosamente. Comecei chupá-la, ao mesmo tempo, que Clarisse me chupava. Batia e chupava, sucessivamente. Eu chupava e masturbava Luíza. Ela delirava, eu delirava, Clarisse delirava. Depois de algum tempo de tanta chupação, e sentir o gosto inebriante de Luíza, ela me afastou e disse no meu ouvido: “Come a minha boceta gostosa??”. “Fica de quatro, então” – respondo. Nesse movimentar, Clarisse disse: “Então, agora é a minha vez de ser chupada, prima”. Enquanto fodo gostosamente a boceta de Luíza, ela chupa a de Clarisse.
Três corpos em prazer renitente. Foode, foode, foode. Gozo, deixando a minha energia vital no ventre de Luíza. Vendo que havia gozado, Clarisse começa a me chupar, e me diz: “Come o meu cu, mano. Me fode gostoso por trás”. “Me chupa, me chupa, que fodo o teu cu” – digo canalhamente. Na nova permuta dos corpos e desejos, cuspi no cu dela e comecei a comê-lo, e Clarisse novamente chupou Luíza. Foode, foode, foode. Chuupa, chuupa, chuupa. Gozo, novamente. Elas gozam. Todos gozam.
A inércia dos corpos exaustos de prazer nos levou confortavelmente ao leito, e repousamos feito crianças felizes depois que brincaram horas a fio. Quando acordei, na manhã seguinte, estavam aqueles dois corpos nus, abraçados em mim, eu sentia o calor que emanava deles. Ainda meio atordoado com tanto deleite, a única coisa que me ocorreu foi à certeza de que esse banquete não se encerraria ali. Essa certeza me reconfortou. Apenas uma coisa ficou clara para mim: a Moral criou o pudor para salvaguardar suas criaturas. Os homens inventaram a perversão para se resguardar do seu criador. Elas me ensinaram a perversão. Elas.
(Felipov)