quinta-feira, 24 de março de 2011

Infância



Conheço-a a muito tempo, dos tempos da tenra infância, dos tempos bons, nos quais somos felizes sem nos darmos conta, mas não tenho tanto contato. É desse tempo que tenho algumas lembranças, as memórias do amor de infância, do platonismo infantil, dos sentimentos que passaram, bonitos por sua inocência, tal que não foram, não aconteceram. Um dia desses foi saber, em conversa fortuita com ela, que isso era recíproco. Nostalgia e uma felicidade tácita me invadiram, fiquei surpreso em saber disso, de uma correspondência não-correspondida, de que eu foi alvo, uma vez na vida, do platonismo de alguém. Ri sozinho dessa situação. A vida é engraçada por conta dessas situações. Hoje, somos amigos, e conversamos sobre isso em tom saudade e troça. Ela é hoje, não mais aquela menina envergonhada que andava nas barras da saia da mãe, lacônica que só ela, com a sua beleza infantil, e sim, o oposto, uma mulher linda, mãe dedicada, inteligente e independente, diria um bom partido. Na verdade, uma pessoa peculiar, diria novamente. Infância, bela infância, que deixou as suas indeléveis marcas, nos tornando eternos infantes. Crianças crescidas, obrigadas, pelo tempo, a envelhecer. A viver. Restamos o desafio, infantes crescidos alhures: viver a vida com o brilho, o entusiasmo e esperança da terna infância. Talvez seja esse o sentido da vida: encarar a vida como um  eterno infante.

(Felipov)

domingo, 20 de março de 2011

Beijou-me

                                                  (O Beijo, Pablo Picasso, 1969)


Beijou-me acariciando a minha boca com a sua barba, na verdade, seu bigode com um cheiro e gosto inebriante de vinho. Sempre que me visitava no meu apartamento, traz duas garrafas de vinho tinto do Porto – meu predileto. Seus beijos eram carinhos de bigode. Bigode ruivo, rústico, que deixava a minha boca vermelha a cada interminável beijo. Beijou-me com amor, volúpia e violência. Beijou-me como a muito não fazia. Passava os dedos sobre as minhas sobrancelhas como só ele sabia. E, ao fazê-lo, olhava-me nos olhos. Fitava os meus pensamentos, perscrutava minhas angústias, procurava os meus fetiches. Seus olhos verdes me diziam do seu amor, do seu carinho, do seu desejo. O carinho terno nas maças do meu rosto que me deixava envergonhada. Aproximava-se levemente da minha orelha, e me dizia: “És minha Capitu” – era assim que me chamava. Desembaraçava com um cuidado de artesão os meus cabelos castanhos. Ah, como eu adorava que ele fizesse carinho nos meus cabelos. Ele sabia o quanto gostava. Ao pegar nos meus cabelos, ele me dominava. Estava em suas mãos – e disso ele sabia melhor do que ninguém. Daí por diante, eu virava um sujeito passivo e um objeto ativo em suas mãos – voluntariamente. Apenas ele sabia fazer um carinho profundamente afrodisíaco com a sua barba. Arranhava meu pescoço, costa, nádegas, seios e abdômen. Deixava-me vermelha e dolorida – e eu adorava. Ele conhecia cada parte do meu corpo.

Após esses carinhos preliminares, beijava-me as pernas – minhas pernas são sensíveis ao toque, quiça beijos de barba. Mordia-me as coxas. Começava a ficar mais febril. Ele beija-me, beija-me a minha intimidade. Despiu-me com os dentes – como disse, estava entregue em suas mãos. Beija-me a minha intimidade molhada. Sinto os seus toques, a sua língua, em minha intimidade aquosa e trêmula. Meus gemidos ecoam no quarto. Sua língua falicamente penetra-me. Sua língua perscruta-me. Sua língua senti-me. Chupa, chupa, chupa. Mordia os meus lábios. Mordia o meu ponto. Enlouquecia. Simplesmente enlouquecia. Naturalmente enlouquecia. Mordia e chupava meus doces pêlos – como ele dizia. Terminava quando sua boca cansava – ou quando eu o induzia a terminar, a minha loucura precisa ser distribuída a outros lugares recôndidos do meu corpo. No entanto, continuava a sua escalada. Suas mãos o guiavam no caminho. E, enfim, elas encontravam meus seios. Com o indicador e o polegar pegava nos bicos e fazia movimentos circulares. Com a totalidade da palma das mãos encaixava-os nas redondezas dos seios. Os lábios beijava-os. A língua chupava-os. Os dentes mordia-os. Chupadas, chupadas, chupadas. Os meus seios não são grandes, encaixavam-se perfeitamente em sua boca. Chupava-os gostosamente. Gemidos novamente.

De súbito, ele me ajeitava, com carinho e rudeza. Fiquei de quatro. Sentia-o dentro de mim. O encaixe é perfeito. Sentia-o entrando e saindo. Falicamente entrando e falicamente saindo. O ruído de corpos se chocando. O seu abdômen em minhas nádegas – aquela barriga saliente. Pressão, pressão, pressão. Ele me pressionava, segurando os meus ombros. Debruçava-se sobre mim. Em seu movimento renitente, variável, intercalado com momentos demais ou menos pressão, acariciava ternamente os meus seios. Movimento renitente, brutalmente prazeroso. Intercalado, novamente, com as mais violentas e carinhosas tapas. Enfiava os seus dedos no meu cabelo, sinto-os passando pelo meu couro cabeludo, e puxa, com vontade, meus cabelos. Puxava, me aproxima. Puxava, com mais pressão. Mais e mais pressão. Tapas e tapas. Puxões, puxões e puxões. AHHHHH-OOOOHHH – eu gozei. E, ele gozava ao mesmo tempo, de forma sincronizada. Fizemos outras posições, igualmente épicas. Acabamos o vinho e fomos dormi. Acordei só. Havia ido. Seu cheiro ainda estava ao meu lado na cama e no meu corpo. Apenas um bilhete escrito com caneta vermelha de uma caligrafia horrível: “Até logo, minha Capitu”. É um dos meus amores – o que mais amo. Já sinto saudades. Sem despedida, sua ausência, beijou-me.
(Felipov)

quarta-feira, 9 de março de 2011

Nossos momentos



“Não se afobe não, que nada é pra já”
(...)
“Futuros amantes, quiçá/
Se amarão sem saber/
Com o amor que eu um dia/
Deixei pra você”
(Futuros amantes – Chico Buarque)

Esta é a história de um amor platônico. Portanto, necessariamente, não precisa ter início, e, sobretudo, fim. E, tão pouco, explicação. Chamo-me Ernesto. 30 anos. Historiador profissional. Escritor diletante. Comunista nas horas vagas. Vegetariano não-praticante. Cheguei ontem da Europa – da Inglaterra, na verdade. Fui resolver problemas da tese – para os especialistas de plantão: pesquiso sobre a atuação política da New Left Review. Sou grande admirador do Thompson. E, por sua vez, encontrar um amor platônico. Chama-se Ana. 28 anos. Física. Leitora voraz de Umberto Eco. Fanática pela obra do Hitchcock. Adora Britrock – em especial, Beatles. Chopin e Beethoven. Toca violão e teclado – soube, recentemente, que gosta de Elton Jonh, é, ninguém é perfeito – ela vai me matar ao ler isso (risos). Conheci-a nos tempos de faculdade, nos corredores da universidade. Apaixonei-me ao primeiro olhar.

Nesse tempo, eu namorava. Sabe, caro leitor, há alguns fatos que vivemos que não deixam marca na memória, tenho ciência da contradição que estou dizendo, como historiador, aquele cujo ofício é responsável em fazer as pessoas não esquecerem, analisar a memória e seus desdobramentos sociais, porém, ao menos, no nível individual e existencial, que não está deslocado da sociedade, mas restrito ao foro íntimo, há experiências que não deixam marca e nem saudade, o que é lamentável, pois foi tanto tempo perdido – vendo em perspectiva, o que não deixa de ser um processo de seleção, do que lembramos e esquecemos. Na verdade, nesse caso, não há tempo pedido, não há o que lamentar, e sim, tempo vivido, a vida vivida – tão somente. Foram experiências adquiridas, grãos de areia caídos na ampulheta e vida gasta – sobretudo, vida gasta. Não perco esse meu ímpeto de procurar explicação – sempre digressivo.

Contudo, um dos melhores acontecimentos da minha vida recente foi essa estada na Inglaterra. Fui resolver problemas e encontrá-la. E nos encontramos. Ela era amiga, e depois, namorada, de um amigo meu. Conversávamos, mas nunca lhe dei conhecimento do meu amor, guardava-o para mim – temia a não correspondência. Quando soube do namoro deles, fiquei com ciúme, e parei de entrar em contato com ela. Esquecê-la – e se confirmava a não correspondência. Alguns anos se passaram, a vida mudou, rupturas foram feitas, em muitos sentidos, e obtive notícias dela. Mora na Inglaterra, está fazendo o doutorado em Astrofísica. Trocamos algumas cartas. Avisei que ia à Londres a trabalho. Ela marcou em um pub. De quando em quando, vou a Londres para encaminhar etapas da minha pesquisa e não fazia a menor idéia que ela estava lá – tão perto e tão longe. Lembranças e sentimentos vieram à tona. O amor que havia guardado por tanto tempo veio à tona. Pensei que tivesse esquecido. Mas não, ele estava apenas guardado.

Os “nossos momentos”, expressão que gostei muito, e que ela utilizou, foram marcados por muita ternura, afeto, intimidade e reciprocidade. Em especial, intimidade e reciprocidade – aquela que achei que não existia. Eu, melhor do que ninguém, sei que tais atributos são cultivados com o tempo em uma relação. No entanto, tive a impressão de que estávamos juntos há muito tempo, por conta da forma tão natural que nos entendemos e nos tratamos. Do início ébrico no pub que nos encontramos, do britrock dos bares que ela freqüenta e o fim de noite sentados na praça, em frente ao Big Ben, vendo o tempo passar, rigidamente marcado nos ponteiros do famoso relógio, ao jantar de sopa de ervilha e a sua presença salvando o meu dia ruim, com o suor e as conversas entre lençóis no seu apartamento. Passei um mês em Londres. Um mês em seu apartamento. Foi um mês de felicidade. Espero que os livros e os chocolates de cupuaçu (ela adora cupuaçu), faça-a lembra de todos os momentos que tivemos juntos, bem como de todos os sentimentos compartilhados. O jantar foi algo extraordinário, me senti em casa. Os momentos com ela foram todos especiais, atemporais, sem qualquer medida, só apenas a sua presença importava. O que quero dizer é que nos encontramos, os nossos sentimentos se encontraram – o platonismo se materializou. Ela ganhou, definitivamente, um lugar no meu coração – já que nele estava guardada. É, isso mesmo que estais pensando, caro leitor, sou um sentimental – deveras sentimental. Se tudo aconteceu com rapidez foi porque nos permitimos. Permitimo-nos viver algo tão incrivelmente especial, íntimo e recíproco – embora, ele existisse metafisicamente em mim. Como diz a música que me fazia lembrá-la: “E quem sabe, então, o Rio será”, eu digo que foi – em Londres. E como diz os últimos versos, “Futuros amantes, quiçá/Se amarão sem saber/Com o amor que eu um dia/Deixei pra você”.

Nestes últimos meses, falava que meu coração estava seco e árido, sem sentimentos, mas está estada em Londres, eu deixei, espero, um pouco de amor, o mesmo que já não mais acreditava. Ela era tudo aquilo que procurava. Linda, inteligente, carinhosa, livre, independente, autônoma, doce, atenciosa, compreensiva, voluptuosa, enfim, tudo que o procurava. Eu ia escrever apenas algumas linhas, acabei me estendendo, sempre é assim, a minha prolixidade demasiada. Eram apenas algumas coisas que precisava dizer. Estas singelas coisas. Os nossos momentos. Com início e sem fim. Ou não. Quiça. Não me afobo não.
(Felipov)

Amores permissivos

Acordei assustado. Ao meu lado, um hálito de álcool, tabaco e canela. Era Remédios. Foi à única coisa que consegui lembrar: o hálito inconfundível dela. A noite anterior, nada. Estávamos nus. Por alguns instantes, no esforço de lembrar o dia anterior, ainda meio tonto, de ressaca, fiquei contemplando o belo corpo nu de Remédios. Ela começava a despertar. E percebeu a minha excitação. Deu o seu sorriso voluptuosamente irresistível, e pegou no meu membro ereto. Comecei tocá-la também. Não há nada mais prazeroso que acordar assim. Remédios beijou-me, com o seu hálito típico. Ela é um dos meus amores permissivos. Gemidos ao movimentar dos meus dedos. Sentia o seu desaguar de prazer. O seu cheiro genital. Algo inebriante. Mais gemidos. Os movimentos regulares em minha virilidade continuavam, elevando-me, fazendo-me flutuar. Mordidas na orelha, e algumas putarias ao pé do ouvido. Ela fica em cima de mim. Sinto-a quente e molhada, ao primeiro toque. Seus belos seios de bicos rosados ficam a altura da minha boca, esperando o acariciar da minha língua. Mordo-os, chupo-os, com violência e regularidade. Ela pede para maneirar, com o ar de excitação extrema. Acentuo a regularidade. O gosto levemente azedo de suas mamas me dizem ser o gosto inconfundível de Remédios. Todas as mulheres têm sabores peculiarmente distintos em seus seios. São os seus gostos particulares. Tapas, tapas e mais tapas. Mais e mais gemidos. Movimentos regulares de nossos corpos. Sinto as vibrações do corpo de Remédios de prazer. Ela puxa o meu cabelo e arranha as minhas costas. O suor inevitável dos corpos em cópula renitente. Remédios grita, sôfrega de prazer. Acentuo o ritmo. Os ruídos copulares ficam mais forte. E mais e mais forte. Ela grita, mais e mais. Tapas e mais tapas. Seu corpo vibra cada vez mais, sinto os seus espasmos de prazer, e ela está prestes a gozar, começa a perder a força e vai se entregando levemente. Os espasmos ficam mais fortes, e ela goza. Remédios tem um jeito peculiar de gozar: os seus espasmos corporais vão diminuindo lentamente. Continuo com o mesmo ritmo. Sinto o seu corpo entregue de prazer sobre o meu. Gozo em seguida, e ela sente o meu desaguar. Diz que sempre gosta de me sentir tendo prazer. Após isso, os nossos corpos, por inércia, caem moribundos de prazer, ela se enrosca em mim, e voltamos a dormir. Nada melhor que acordar e dormir ao lado de amores permissivos.
(Felipov)

Paralaxe

Diante do espelho, não vejo imagem. Vejo um espectro chamado: Eu. Diante dos homens caminho a esmo entre miséria e opulência. Diante da vida, fico sem respostas, com eternas perguntas. O observador modifica sua posição. Altera-se. Movimenta-se. No entanto, a vida continua parada. Ou aparentemente parada. Status quo ad infinitum. Na verdade, essa é uma percepção muito própria do observador. O observa-dor. A dor dos transeuntes alhures. A qual, igualmente, o observador compartilha. Mesmo que se movimente, ande, desloque-se socialmente, não fica indiferente. O observador sou Eu. Ego. Ego no mundo que compartilha dos sentimentos alheios. O Eu que quer mudanças. Eqüidade. Justiça. Liberdade. Que outros Eu desenvolvam seus potenciais. Uma sociedade na qual os Eu, valorizem, cotidianamente, em atos naturais, o Nós. Que os Eu, em Paralaxe, modifiquem-se a si mesmo, e, por extensão, contribuam para a Paralaxe social. A Paralaxe do Eu conduza para a Paralaxe do Nós. A Revolução é a Paralaxe do Eu, e, por sua vez, a Paralaxe do Nós. Status quo ad finitum.
(Felipov)

Rabugice

Da última vez que conversamos me dissestes algumas coisas que te provocam mal-estar. Coisas que, em algum momento da minha vida, também me provocaram o mesmo mal-estar. O que fiz, por minha vez, para resolver estes problemas foi repensar alguns aspectos na minha vida. E, nesse movimento, de repensar, consegui respostas. Sei que não é um movimento fácil, mas que sempre vale a pena ser feito. A maiêutica socrática é sempre necessária. Este foi o meu conselho, aquela altura: repense, questione-se. Encontre respostas por si mesmo – tenho certeza que são as melhores. Ontem, depois que nos encontramos, conversamos naquela festa, fiquei pensando algumas coisas, e queria te falar. Falamo-nos rápido, é verdade, estavas com os teus amigos, e, eu, com os meus. Para ser breve, e não te ocupar, queria te deixar outro conselho: cuidado com o excesso de liberdade. Admiro-te por expressares a tua liberdade. Não é todo mundo que consegue fazê-lo, e é por isso que te digo que tenhas cuidado. Sabes que vivemos em uma sociedade de aparências, na qual as pessoas fazem imagens de si e dos outros. E por expressares um comportamento livre e desprendido de amarras sociais, padrões e preconceitos, podes ser mal-interpretada, e fazerem uma imagem e julgamentos equivocados sobre ti. Digo isso porque te conheço e gosto de ti – senão fosse esse o caso, não me daria ao trabalho de falar contigo. Cuidado com o excesso de liberdade, não são todas as pessoas que estão preparadas, e como a nossa existência é social, podes enfrentar problemas, cedo ou tarde, apenas por falta de prudência – ou, maturidade. Não estou querendo dizer com isso que devas condicionar a tua vida a opinião ou ao que outros vão dizer ou pensar. Obvio que não é isso. É que apenas sejas mais discreta. É essa a palavra: discrição. Expresse a tua liberdade com mais discrição, com auto-preservação. Não vais ser menos livre por isso. Apenas vais evitar problemas desnecessários. Enfim, não é para menos que Sartre disse: estamos condenados a liberdade. Repense e cuide-se. Ou não. Deve ser apenas rabugice minha mesmo.
(Felipov)

Erro. Ou, não.

Eu errei, eu errei
Contigo
Não havia razão
Insensatez, remorso
Invadem-me
Porque errei
Comigo, também
A moral infringida
Sentimentos rasos
Egoísmo?
Talvez, ou não.
Percebi que não
sou a idéia que
faço de mim mesmo
Sou um espectro
fulgídio, plasma
A mão com a pena
A ambigüidade
entre os atos
de liberdade
irrestrita e os seus
reflexos na consciência
O erro ou o acerto, em si,
é a existência, apenas.
A existência
sem demasiadas
explicações
(Felipov)

Moça

Ela me faz acreditar
novamente que é possível
Senti, com ela, a alegria
de ter alguém ao lado
me esperando

De ter alguém
para esperar, para pensar,
para gostar
Eu penso nela
como se estivesse ali
perto, pronta a me encontrar

Fico um pouco triste pela distância
Mas a lembrança dos nossos momentos
me consola, me anima

Ah, Moça, me encantastes
Espero-te, olhando a garrafinha
Espero o teu olhar e os teus carinhos
Espero a tua solidão
encontrar com a minha

Espero as conversas íntimas
Meu corpo te aguarda
para acabar com a saudade
e a falta que a distância faz
(Felipov)

Entre lençóis

Deitei ao seu lado
e senti seu corpo quente e macio
Nunca ninguém me observou
com tanta ternura e carinho nos olhos

Lado a lado, conversamos
Discutimos, discordamos
Visões de mundo distintas
que se encontravam nos
abraços e beijos

Os lençóis testemunharam
esse encontro a muito
almejado e esperado

Nossos corpos se encontraram
em meio ao suor e sussurros

A ternura dos toques
O silêncio dos gestos
O emudecimento do prazer
O descansar nos seus braços
O dormir ao seu lado
O sono de contentamento
do feliz encontro

Fizeste-me feliz
com o seu olhar sereno
que via a minha saudade
antecipada, e o meu pesar
da despedida
(Felipov)