Não estou bem
Mas, quem está?
Ontem, depois de acordar,
percebi como não estava bem...
Não sei o que é...
Um mal-estar, não sei bem o que é...
Só sei que não estou bem,
pensei bastante no que acontece
comigo, mas esforço em vão
Sem esclarecimento, sem resposta
Talvez, e lanço essa tese,
porque, enfim, há de ter uma explicação:
eu esteja cansado de mim
De me levar tão a sério
Da vida que levo
Do que conheço, reconheço e desconheço
O meu embrutecimento,
o meu afastamento das pessoas e amigos
A falta de paciência
A irritação fácil
Esse hábito de sofrer,
que tanto me diverte – seria itabirano?
A chatice e rabuchice peculiar,
quem sabe eu não precise mudar
Contudo, qual seria o sentido da mudança (?)
Porque, uma das poucas certezas que tenho,
o problema é uma questão de sentido
De ver sentido nas coisas, pessoas e sentimentos
Ficar sentido, procurar sentido
Fazer sentido, sentir sentido
O velho sentido moderno de ver o mundo
(Felipov)
1 comentários:
Me lembrei de ti =)
Sugestão - Cecília Meireles
Sede assim — qualquer coisa
serena, isenta, fiel.
Flor que se cumpre,
sem pergunta.
Onda que se esforça,
por exercício desinteressado.
Lua que envolve igualmente
os noivos abraçados
e os soldados já frios.
Também como este ar da noite:
sussurrante de silêncios,
cheio de nascimentos e pétalas.
Igual à pedra detida,
sustentando seu demorado destino.
E à nuvem, leve e bela,
vivendo de nunca chegar a ser.
À cigarra, queimando-se em música,
ao camelo que mastiga sua longa solidão,
ao pássaro que procura o fim do mundo,
ao boi que vai com inocência para a morte.
Sede assim qualquer coisa
serena, isenta, fiel.
Não como o resto dos homens.
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