quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Amizade

Tenho poucos, raros amigos. Apesar de valorizar muito os amigos, tenho poucos. Tenho a incrível capacidade de não manter relações humanas estáveis. Mesmo de amizade. Eu tento manter amigos à distância. Ledo Engano. É óbvio que isso não é possível. Por isso que são tão poucos. E agradeço a paciência desses raros amigos. Eles precisam de muita paciência para me suportar. Às vezes me pergunto qual o motivo de ainda serem meus amigos. Ao contrário da família, que tem a consangüinidade e parentesco e todas as conveniências e obrigações sociais subjacentes a isso, os amigos são relações sociais criadas por afinidades, convergências e divergências. Porém, sem qualquer obrigação. Pode ser ou não. É uma escolha. Eu sei que não sou um bom amigo. Sou ausente, chato, taciturno, que discute por tudo, que discorda de qualquer coisa, inconveniente, e toda a sorte de péssimas qualificações sociais. Uma pessoa amarga que por questão lógica não deveria ter amigos. Contudo, ao largo da lógica, tenho poucos, raros amigos. Amizades genuínas. Companheiros de conversas tensas, atenciosos (mesmo que sejam 15 minutos, cronometrados no relógio de pulso e anotados no bloco de notas), engraçados (parece que vivem a comer palhacitos, com tiradas cômicas que só faltam me matar de tanto rir), irritantemente inteligentes (é, eles são inteligentes, caso contrário, não seriam meus amigos), implicantes (a implicância virou uma arte na mão deles), conselheiros (é, eles se metem na minha vida), críticos (eles vivem me criticando, nos criticamos mutuamente, nos divertimos na crítica), nerds (é possível ser amigo de nerd sem ser nerd?). Enfim, pessoas sem as quais não me encontraria no mundo. São o meu contrário e semelhança a um só tempo. Eles são próximos e distantes. Que vejo sempre e de vez em quando. Mas são sempre presentes, mesmo na ausência. É uma ausência presente. Os aniversários lembrados, os presentes dados (eles sabem que só gosto de livros como presente), os abraços de reconforto, as palavras de apoio, as críticas sempre pertinentes, os elogios na hora certa, as fanfarronices de vez por outra. A vida compartilhada. Amigos, de perto e de longe, presentes e ausentes, com o passar do tempo, percebi que amizade é uma questão de escolha. São os amigos que nos escolhem. Obrigado por terem me escolhido.

2 comentários:

Ana Paula Campos disse...

Ouuunn *__*

Tens razão, és chato. E de nada por minha amizade :D

Unknown disse...

kkkkkkkkkkkkkkk a definição desses teus amigos, olha vou te contar, quero conhece-los. ;D ;p

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