Taciturno, lacônico e levemente irritado, depois de um dia cansativo de trabalho, fui tomar um capucchino. Precisava relaxar. Poucas coisas causam tanto prazer quanto uma xícara gelada de capucchino – óbvio que quente também. O gosto do café, chocolate e canela me alegram. Cada gole me faz feliz. Ao lado disso, uma bela fatia de bolo de macaxeira e café com pupunha – é, a gula é um pecado que me apraz. Esses manjares me faz lembrar a infância saudável e amável que tive. A cada gole do capucchino, observei que o café que freqüento, tocava música ao vivo, na verdade, piano ao vivo. Eram goles sonoros de deleite. De pronto, gostei do lugar. Gostei do ambiente: simples, sóbrio, discreto e intimista. No deliciar do capucchino e da música, que, por sinal, o repertório do pianista era muito bom, fui atentar para as pessoas alhures. Na maioria, idosos. Quer dizer, somente idosos. Conversavam, riam, tomavam café e apreciavam a música. Velhinhas bem vestidas com as suas pérolas. Velhinhos alinhados com suas gravatas borboletas e suspensórios. Ouvi alguns diálogos. Uns tratavam de jazz, outros debatiam preferências entre o samba de Noel e Cartola, outros ainda, a validade do liberalismo no mundo atual. De súbito, identifiquei-me com tudo aquilo. Senti-me ternamente incluído. Senti-me acolhido junto aquelas pessoas estranhas de outra geração. Na verdade, ponderei melhor, elas eram familiares e eu que estava na geração errada, eu pertencia a deles. De facto, nasci na época errada. Percebi que sou um jovem idoso, com os gostos e comportamentos de outrora. Sou velho e isso nunca soou tão bem e fidedigno.
(Felipov)
11 comentários:
Acataste a proposta o Rodrigo, não é? =)
Duas coisas:
1 - Me lembraste a Dulce Quental... "Eu vou te convidar pra um Capuccino, não é whisky nem vinho é só um Capuccino, com gosto de manhã e brisa de canela, eu vou te convidar para uma valsa moderna... pó e chantily, creme, café, chocolate, canela"
2 - Me diz, pelo amor de Deus, onde é este lugar onde as pessoas discutem Noel, Cartola e Liberalismo!!!
abrçs.
Que texto gostosinho... Me lembrou um filme =]~
Felipe heuaheuhae...que texto legal!!,me sinto velha em tudo que faço tbm,adoreiiiiiii =)
Viagem no tempo! Me lembrou os cafés da linda Paris!¬¬
Gostei desse Felipov. És um flanêur no tempo.
Fala Felipov, peço licença para adentrar em seu diário on-line, legal vê-lo tão comentado!! Me pareceu o café da Big Ben da Batista Campos!! Também lembrei da Dulce Quental (letra com Zélia Duncan), todo esse CD dela (Beleza Roubada)tem gosto de Capuccino. Sara tem razão, você é um flanêur das noites belenenses, meio voyeur também!! Creio que sua sensação tem a ver com a frase que ouvi num filme antigo: "parte de mim está sempre com saudades do desconhecido". Você é filho do seu tempo, mas já que gosta das velhinhas, vou te apresentar para minha avó!!!! rsrsrsrsrsrs abração!
Peço lincença para contestar meu querido professor: isso me parece mais o café da Sol =)
Eu contesto a Ju,
é sim mais parecido com o café da big ben.
Se o Felipov tivesse falado de um café um pouco mais vintage cool jovem, seria uma cena na fox com direito a frozen =)
hahahaha Olha só, já virou até debate meu post in!!! Lamento, minha cara Ju, mas o Felipov (apesar de não comentar as post de seus seguidores)já me confessou que é o café da Big Ben Batista Campos. Abç
Das brumas de observador, adentro ao debate, rs. O Rodrigo tem razão, e como havia dito ao Márcio em outra oportunidade, rascunhei a versão inicial deste texto em uma noite de sábado no café da Big Ben - que, por sinal, tá ganhando muito com propaganda com esse post, rs. Meus caros(as), ficou muito feliz de ver esse post tão comentado. Fico feliz que vocês tenham gostado da minha nostalgia do que não vive, como um "flanêur no tempo" ou um "saudosista do desconhecido". E desculpem-me, o Márcio tem razão, tenho este costume horrível de não comentar os posts, "puxão de orelha" dado :), agradeço a atenção de todos(as). Obrigado!
bombou! Quando vi, e logo, não comentei, pensei no café da sol também... legal ver um blog tão comentado, Parabéns!
O texto está muito bom, nos faz mentalizar as imagens, e dá vontade de ouvir Noel.
Um abraço!
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