terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Deveras racional?




“Eis aqui um que não fará grande carreira no mundo. As emoções o dominam”
(Dom Casmurro - Machado de Assis)



Desde quando se sente alguma coisa pela razão?? A razão não sente, ela simplesmente raciocina por uma lógica excludente de possibilidades limitadas. A razão é instrumental e fria, sente pouco, portanto. É assim que razão trabalha, por aquilo que é vislumbrável pela experimentação e observação obtusa do observador que procura possibilidades, probabilidades. Nem tudo é provável pela ótica do racional. A vida não se conduz assim. Ao menos, não em sua totalidade. A vida é perene e plena de possibilidades que fogem a nossa forma ocidental-racionalista de apreender a realidade. Claro que sou racional, óbvio, que todos devemos ser. Mas não em demasia. Os sonhos não são racionais. O inconsciente idem. Os desejos, sentimentos, anseios e sublimações. Eles apenas sentem. O que seria do amor e da paixão se fosse racionais, seriam apenas uma equação da qual com algumas somas e derivadas, teríamos um resultado exato e racional, em todas as suas limitadas conjugações lineares. Antes de pensarmos, sentimos. Melhor: pensamos e sentimos a um só tempo. Alguns pensam demais, outros sentem em demasia. Admito, sou daqueles que terão uma parca carreira no mundo, minha racionalidade é demasiadamente sentimental.

(Felipov)

2 comentários:

Camila Travassos disse...

Foi quando li esse texto que pensei: "Felipov está escrevendo diferente". A densidade temática constante na grande maioria dos outros textos que postaste ano passado foi deixada de lado - pelo menos, por enquanto.

Gostei bastante. Reiteraste o que sempre costumas me dizer: és um romântico a la fado tropical.

(:

Unknown disse...

"minha racionalidade é demasiadamente sentimental"
hehehe adorei,nunca te vi falar assim,pensavas q eras um racional daqueles que não se convence de um sentir apenas...gostei msmo mudou minha opinião =)

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